quinta-feira, 19 de julho de 2007

A Menina que Roubava Livros

Depois de quase um mês, eis que termino um livro fantástico!!
Poderia ter terminado antes, mas "perdi" duas semanas por causa do vestibular.
Gostei muito do livro. A história é boa e a edição é estupenda! Talvez algumas pessoas não gostem do livro por ele não ser cheio de ações (já conheci uma dessas pessoas que foi pulando para as "partes mais legais"). Para um cara como eu que não se contenta somente em ler alguma coisa por cima e via em busca da essência da trama, fui bem servido com este livro. Markus Zuzak (o autor) teve um idéia brilhante ao colocar a Morte como narradora.
Segue abaixo, um, dos inúmeros, trecho que me cativou:


"O homem agonizante aspirou o cheiro. E falou. Em inglês, disse: 'Obrigado'. Seus cortes retos abriram-se com sua fala, e uma gotinha de sangue escorreu torta por sua garganta.
- O quê? - fez Rudy. - Was hast du gesagt? O que você disse?
Infelizmente, venci-o na corrida para a resposta. Era chegada a hora e estendi a mão para o cockpit. Devagar, extraí a alma do piloto de seu uniforme amassado e o resgatei do avião partido. A multidão brincou com o silêncio enquanto eu passava. Livrei-me dela com alguns encontrões.
No alto, o céu se eclipsou - apenas um último instante de escuridão -, e juro que vi uma assinatura negra, sob a forma de uma suástica. Ela se demorou lá em cima, desarrumada.
- Heil Hitler - disse eu, mas já me embrenhara por entre as árvores. Atrás de mim, um ursinho de pelúcia descansava no ombro de um cadáver. Havia uma vela de limão abaixo dos galhos. A alma do piloto estava em meus braços.
Provavelmente, é lícito dizer que, em todos os anos do império de Hitler, nenhuma pessoa pôde servir ao Führer com tanta lealdade quanto eu. O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A conseqüência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiúra e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer."

(ZUSAK, Markus. A Menina que Roubava Livros. São Paulo: Intrínseca, 2007 / página 438)

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